domingo, 9 de abril de 2017

Livro Um Amor e Um Amigo nas Lojas Americanas

http://www.americanas.com.br/produto/21954575/amor-e-um-amigo-um?condition=NEW&oferta=58e56ac06a5b96816f6d2ee4

quarta-feira, 8 de março de 2017

Escritora Jamila Mafra



#ficçãocientífica #livro #publicação #amorintergaláctico #juvenil
Queridos blogueiros e blogueiras, leitores e leitoras, estou fazendo mais uma revisão final, dessa vez uma novo livro de ficção científica juvenil muito especial, tem romance e viagens inesquecíveis através do tempo e do espaço!!!http://jamilamafra.weebly.com/

terça-feira, 7 de março de 2017

Oportunidade de Publicação Para As Mulheres Autoras na Macabéa Edições
















A Macabéa Edições é um selo da Editora Multifoco, publica obras de mulheres e sobre mulheres, em uma perspectiva ampla: trabalhos de ficção e não ficção, em todos os gêneros textuais, que tragam uma expressão da mulheridade, por meio de protagonismo, vivência ou ponto de vista.
Clique no link abaixo e envie seu original para análise.

http://editoramultifoco.com.br/macabeaedicoes/



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Site da Autora Jamila Mafra




                                   

                       Queridos Leitores, esse é meu novo site, acompanhem minhas novidades                                                                                     litrárias no link:

                                                        http://jamilamafra.weebly.com/

sábado, 11 de fevereiro de 2017

O Relato de Artemis, Uma Viagem à Estrela Vega (Contato Alienígena)





TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA.


O RELATO DE ARTEMIS FAZ PARTE DO LIVRO "HISTÓRIAS DO AMANHÃ, AS CIDADES  SUBMERSAS"  DA AUTORA JAMILA MAFRA

         
    O RELATO DE ARTEMIS

Já fui muito infeliz, mas hoje minha felicidade é completa porque vivo em Guinah, um planeta de translação ao redor da Estrela Vega. Aqui, longe da guerra e da doença, a vida é quase eterna!

Tudo começou quando eu tinha quinze anos de idade. Lembro-me muito bem de quando tudo aconteceu, lá estava eu no segundo ano do colegial, totalmente de mal com a vida, entediada com meus pais e cansada de ser pobre, sonhando em ir embora, ainda que fosse para outro planeta. Estávamos na aula de física, o professor começou a falar sobre vida extraterrestre e a possível comunicação entre os seres humanos e os alienígenas. No começo essa conversa me deixou enfadada, mas depois, pensando melhor, isso me fascinou muito, essas foram as palavras do professor:

– Classe, saibam que a comunicação com seres extraterrestres pode ser possível e já foi testada. m 1973 foi enviada uma mensagem para o espaço a bordo da Pioner 10. Nesta mensagem foram usados desenhos codificados por Drake e por seu colega Carl Sagan. Foi colocada na nave uma placa de ouro anodizada, mostrando as figuras de um homem e de uma mulher, o homem com a mão levantada em sinal de paz e boas-vindas; as figuras destacam-se contra a silhueta da nave espacial, para dar uma noção de escala. A placa continha ainda o diagrama do hidrogênio atômico e um plano do sistema solar. Ao lado deste esquema surge a posição do sol em relação a 14 pulsares conhecidos, cada um destes acompanhados do símbolo indicativo do período de pulsação. E não é só isso, quatro anos depois eles enviaram em outra sonda, a Voyager, mais uma mensagem gravada em videodisco com imagens e sons do planeta Terra. Outro tipo de transmissão utilizado por eles é o método do código binários, o mesmo utilizado nos computadores e outros equipamentos! – explicou o professor.

– Professor, o senhor acredita que algum alienígena tenha recebido essas mensagens? – eu perguntei curiosa pela primeira vez.

– Veja bem, Artemis, essa é uma questão um pouco mais complicada. Mesmo sendo possível recebermos e enviarmos mensagens para os extraterrestres elas demorariam muito tempo pra chegar até nós. Por exemplo, se houvesse vida nos planetas que giram em torno da estrela Barnard, as nossas mensagens chegariam lá depois de seis anos, isso na velocidade da luz. No entanto é ilógico esperar que haja vida inteligente a essa distância. Mas se tratando de haver uma civilização a 100 anos luz daqui as mensagens demorariam sete gerações para chegar lá ou aqui. – me explicou o professor Roberto.

Lucas, outro aluno se manifestou naquele momento dizendo:

– Professor, eu ouvi dizer que os radioastrônomos quando descobriram sinais de rádio vindos do espaço imediatamente pensaram se tratar de mensagens codificadas enviadas por uma civilização alienígena!

Fui pra casa naquele dia pensando nisso, aos poucos eu me convenci que ir embora pra outro planeta até que não era má ideia. Na Terra eu só tinha decepções, meus pais sempre desempregados, e eu me sentindo massacrada pela pobreza e pelo jugo capitalista. Em uma certa noite eu olhei pro céu estrelado e pensei comigo: "Realmente deve haver em algum lugar no universo uma civilização mais evoluída do que essa". Isso dominou meus pensamentos e quanto mais eu me decepcionava com a Terra mais eu sentia vontade de ir embora. Comecei a comentar com os meus amigos sobre a minha vontade de ir embora para outro planeta e todos riam da minha cara dizendo que eu estava louca. Um deles era meu amigo Lucas. Em uma conversa ele zombou de mim.

– Lucas, você acredita no que o professor falou outro dia na aula de física? Sobre os extraterrestres? – perguntei.

– Artemis, tudo é possível nesse universo! O que eu não acho possível agora é a loucura que você anda espalhando aos quatro ventos.

– E o que eu estou espalhando aos quatro ventos? – questionei já nervosa.

– Ora, essa história de você ficar dizendo que quer ir embora pra outro planeta a qualquer custo! O homem mal chegou a Marte. E mesmo que as viagens pra Marte já estivessem sendo realizadas, custaria milhões de dólares. Artemis, você é pobre, nós somos pobres, você nunca teria dinheiro pra fazer uma viagem dessas. Você não pode ficar presa a essas ideias como se isso fosse possível. Pare de falar isso caso contrário todos pensarão que você está louca! – Lucas alertou-me.

– Lucas, eu acho que você não me entendeu, eu não quero ir pra Marte, eu quero ir pra outro planeta em uma galáxia muito longe daqui, quero ir para um planeta onde exista uma civilização mais evoluída que essa e não voltar nunca mais pra cá. Eu quero distância da raça humana. E a NASA não me interessa nem um pouco! – respondi enfaticamente.

Sei que a partir daquele dia meu amigo Lucas e todos os outros pensaram que eu estivesse enlouquecendo. E talvez eu estivesse mesmo enlouquecendo de tanta angústia.

Passei a comprar todo o material que falava sobre UFOS, planetas e galáxias afins. Meus pais não gostaram muito desse meu novo comportamento. Até porque eles mal tiveram estudo e eram quase que completamente ignorantes em assuntos de astronomia e ufologia. Aliás, eles faziam parte do grupo que achava que eu estava enlouquecendo. Todos ao meu redor eram pobres, mal sabiam o que eram um avião tampouco uma viagem intergaláctica. Mas eu nem me importava com os outros, simplesmente estava concentrada no meu objetivo principal, ir embora da Terra. 

Encontrei por acaso um livro que falava sobre telepatia, comunicação através do pensamento, então acreditei que se eu estudasse e meditasse aquilo que eu queria tudo poderia acontecer. É claro que no começo não foi fácil, tinha que escolher entre comprar o último lançamento da revista científica ou a roupinha ou o lanche que eu queria. Mas enfim eu escolhia a revista e tantos outros materiais que precisava pra minha pesquisa particular. Com a intenção de ser abduzida comecei a treinar meu poder de telepatia. Inclusive esse é um poder que todos têm. 
 Arrumei um emprego de balconista em uma loja e consegui comprar um telescópio simples, mas que me ajudou muito. Passei a observar as estrelas todas as noites. Minhas três irmãs, com quem eu dividia um quarto apertado, também achavam que eu estava louca. Eu não queria saber de mais nada. Minhas melhores amigas eram as estrelas. Observá-las era a melhor coisa que eu fazia na inútil vida que eu levava. Que só não era mais inútil porque na Terra ao menos existia a astronomia. Meus amigos se afastaram de mim, nesse mundo perturbado eles preferiram o vício do que a minha amizade. Eu até os convidei para estudar as estrelas comigo, entretanto a mente deles estava totalmente presa e escravizada pelas coisas banais e finitas do planeta Terra. 

No começo eu chorei amargamente por saber que enfim eu estava sozinha. Não sobrou um mísero terráqueo pra me fazer companhia, mas que isso importava? Eu tinha as estrelas, toda noite eu conversava com o planeta Marte e também com a Lua, às vezes com Mercúrio. E querem saber? Eu me sentia muito bem, os astros são os melhores amigos que alguém pode ter. Por dois anos fiz tudo isso insistentemente. Terminei meus estudos no colégio com fama de doida e excluída, mas enfim cumpri meu papel. Não entrei na faculdade, não tinha dinheiro, porém continuei em meu emprego de balconista e também com minhas pesquisas de astrônoma amadora. Comprei até um telescópio melhor. Eu estava cada vez mais convicta de que algum dia eu iria embora para outro planeta. Nessa época o planeta Terra estava no ano de 2000 d.C.

Gostaria apenas de explicar porque meu nome é Artemis, isso foi uma decisão do meu pai, ele achou o nome bonito depois de assistir um filme de mitologia grega na televisão, ao menos um pouco de cultura expressa na minha identidade!

Mesmo com tantas descrenças e oposições ao redor eu nunca duvidei que eu conseguiria aquilo que eu mais queria. Cheguei a um ponto em que eu não me sentia mais sozinha, a aparente solidão que todos viam em mim na verdade era a minha verdadeira alegria e companhia. Meus pobres conterrâneos com suas mentes limitadas jamais poderiam imaginar que os planetas e as estrelas podem ser grandes amigos.

Era madrugada do dia 18 de agosto de 2000 d.C., eu dormia tranquilamente no já mencionado quarto apertado que eu dividia com minhas irmãs, falando nisso minha casa era pequena, de alvenaria, tinha até uma laje, mas muito modesta. Havia mais uma cozinha, o quarto dos meus pais, uma salinha e um banheiro. O quintal até que era grande de grama e mato. 

Voltando ao assunto, eu dormia tranquilamente naquela noite, quando de repente ouvi um barulho vindo do lado de fora, parecia um avião, mas era um barulho suave. Naquele mesmo instante acordei e corri para o fundo do quintal, para ver o que era. Ao olhar para cima o céu estava estrelado e pairado sobre o telhado da minha casa havia um grande disco voador, ele desceu mais um pouco e emitia luzes muito brilhantes, coloridas e lindas. Peguei uma escada de madeira que havia e subi na laje sobre a qual a nave espacial estava pairada. E lá estava eu embaixo daquele enorme disco voador. A nave era prateada. Parecia mesmo uma cena de filme. Enquanto o vento balançava meus cabelos compridos uma porta na parte inferior da nave se abria e um ser que parecia ser um homem saiu de dentro dela. Ele usava uma roupa de cor metálica e também um capacete. Não me assustei nem um pouco, pelo contrário, vislumbrei com enlevo aquele momento.

Espontaneamente ele tirou o capacete e sorriu pra mim, naquele instante contemplei o ser mais lindo que eu já vira em toda a minha vida. O rosto dele era de um ser humano, porém a beleza e perfeição que ele tinha jamais existiu entre os mortais da Terra. A beleza dele era perfeita, seus olhos eram azuis, brilhavam e pareciam serem feitos de vidro, ou melhor dizendo, pareciam serem feitos do mais puro cristal refinado. Sua pele era branca e com uma textura macia feito uma pluma. Naquele momento eu pensei que com certeza aquele era o astronauta mais lindo do universo. Encostei em seu rosto e em seguida ele sorriu mais uma vez, colocou o capacete e estendeu sua mão direita pra mim, me convidando para entrar na nave. Eu sorri e sem pensar duas vezes segurei em sua mão e então entrei na nave com ele.

Dentro da espaçonave havia outro astronauta, ele não tirou o capacete. O astronauta me conduziu até uma cabine na qual me mostrou uma roupa e um capacete iguais aos que ele estava usando. Através de gestos ele me pediu que eu as vestisse, entendi que deveria fazer isso antes que a nave decolasse. Depois que vesti as roupas e o capacete perguntei por que eles vieram, e obtive a resposta em meu pensamento, ele me disse por telepatia: "Escutamos os seus pensamentos e por isso viemos buscá-la". Aquilo realmente me surpreendeu, logo depois, ele me conduziu à cabine de controle, onde me acomodou em uma poltrona e atou em mim o que se assemelhava a um cinto de segurança. Os dois astronautas também se sentaram, colocaram os cintos e decolaram a nave. Naquele instante meu coração acelerou, pois percebi que a nave estava em altíssima velocidade que depois  de certo tempo diminuiu bastante, foi então que os astronautas desataram os cintos e tiraram os capacetes, fiz o mesmo. No painel de controle eles me mostraram algumas imagens de seu planeta e me disseram que o mesmo chamava-se Guinah. Ao olhar com mais atenção para o lado de fora através do vidro notei que estávamos percorrendo o espaço sideral. Enfim meu grande objetivo se concretizara, se tornou realidade tudo que eu mais queria.

Quando a nave se aproximava de Guinah o astronauta falou comigo pela primeira vez. Me surpreendeu o fato dele falar meu idioma, e sua voz era incrível, parecia de trovão, para entenderem melhor, parecia uma voz eletrônica de robotizada e muito firme. Ele me revelou que já haviam abduzido outros seres humanos e estudado nossa anatomia. Eles sabiam a maneira que nosso corpo funcionava e inclusive aprenderam muitos idiomas da Terra. Não todos, mas em Guinah alguns astronautas mais especializados sabiam falar alguns idiomas da Terra e até de outros planetas próximos de Guinah. Antes de entrar na atmosfera do planeta eles me deram uma injeção e me explicaram que isso era necessário para que eu não sentisse os efeitos da diferença da gravidade que era mais intensa que a da Terra. E também por questões de adaptação. Depois do pouso da nave me senti um pouco fraca e acabei dormindo, foi um pequeno desmaio, um efeito adverso à injeção. 

Quando acordei já estava deitada na cama de uma sala. Ao abrir meus olhos me deparei com três daqueles seres igualmente belos, entre eles o astronauta que me abduziu. Eles sorriram pra mim e me explicaram que era necessário que eu descansasse por algumas horas até que meu corpo se adaptasse àquele novo ambiente, inclusive administraram em mim outros medicamentos. Fizeram isso através de injeções.

Os dias se passaram e eu me adaptei muito bem a viver aqui em Guinah. Aqui o oxigênio é puro até demais, no começo meus pulmões não estavam acostumados a respirar um ar tão puro, eu até me sentia estranha, mas depois tudo ficou bem. Aprendi a falar e escrever o idioma Guinah, que, aliás, não é somente um idioma, são vários, mas eu aprendi a falar o idioma principal desse planeta maravilhoso. Minha alimentação era especial, feita por eles em laboratório, e a água também, eles adicionaram substâncias especiais à minha alimentação, também por questões de adaptação do meu organismo. E enfim, depois de alguns anos com meu corpo totalmente adaptado e transformado, passei a viver sem nenhuma restrição e me alimentando e vivendo normalmente tal qual qualquer habitante normal de Guinah.

Os dias em Guinah são muito longos e os anos também. E o envelhecimento aqui também é muito lento, as pessoas praticamente vivem mais que o triplo da vida na Terra. Por exemplo, em Guinah, uma pessoa com cem anos tem aparência de uma pessoa terráquea de 25 anos. Em Guinah as pessoas chegam a viver quatrocentos anos. E eu, depois de um longo tratamento, entrei nesse sistema de envelhecimento. Enquanto no planeta Terra haviam se passado cerca de cinquenta anos minha aparência ainda era de 19 anos de idade. Até aquele momento eu envelhecera praticamente nada. Talvez minha mente sim já não era mais a mesma, minha mente sim de certa forma envelhecera no sentido de ser totalmente mais madura e completamente transformada.

Guinah é um planeta lindo, sem poluição, sem destruição. Aqui há uma infinita variedade de espécies de animais, sendo que a maioria não existe na Terra. As casas são muito bonitas e apesar de toda a tecnologia a natureza não foi destruída aqui. Guinah teve sim seus problemas no começo de sua civilização, mas hoje, depois de séculos de progresso, este planeta alcançou o máximo possível de evolução. Descobri ainda algo surpreendente, as mensagens e sondas que os seres humanos enviaram para o espaço e o disco de ouro com mensagens gravadas na chegaram em Guinah. Eles os mantêm guardados em uma vitrine, expostos para que os habitantes daqui a vejam. Eles também têm guardados outros objetos enviados por seres de outros planetas.

Perguntei-lhes por que não responderam a nossa mensagem e eles me disseram que os seres humanos são seres muito medrosos e que fazem guerras por motivos fúteis, se acaso eles tivessem se manifestado a nós provavelmente esconderíamos isso do resto da civilização e com certeza faríamos de tudo para sequestrar seus corpos e fazer-lhes guerras. E eu não duvido de nada disso. No fim os governos terráqueos temem e sempre temeram a reação do povo, tanto que fazem de tudo para oprimir as massas com os impostos e a pobreza.

Estudei muito em Guinah até me tornar uma grande cientista. Pra mim é fascinante estudar o universo e suas possibilidades. Tive até contato com outras civilizações extraterrestres. Aprendi muitas coisas e continuo aprendendo, afinal o universo é infinito, posso estudá-lo para sempre que ainda assim jamais terminaria, pois ele não tem fim.

Durante todo esse tempo jamais pensei em voltar pra Terra, e também não tive notícias da minha família. Inclusive nunca quis saber notícias do meu planeta natal, até porque depois de cinquenta anos terrestres eu sabia que as notícias não seriam boas. Por isso preferi não saber.

Aqui em Guinah a sociedade é perfeitamente organizada. As famílias vivem em belas casas em formatos de grandes discos voadores, por dentro são muito sofisticadas e em volta há muitas árvores, plantas e flores em geral. Há flores azuis prateadas, douradas, não apenas pela cor, há flores realmente de ouro.

Constantemente os cientistas de Guinah enviam sondas invisíveis para filmar os habitantes da Terra. Foi assim que eles me localizaram ao ouvirem meus pensamentos. Eles filmaram todos os meus passos, viram todas as noites que eu passava observando as estrelas e os planetas. Eles perceberam que eu realmente merecia ter meu grande objetivo realizado e decidiram me buscar.

Como já havia falado, jamais pensei em voltar para o planeta Terra. Confesso que senti falta dos meus pais e da minha família, porém nunca trocaria minha vida aqui em Guinah por aquela que eu levava na Terra.

A inteligência alcançada pela civilização Guinah ultrapassa todo entendimento humano, aqui eles são capazes de curar todas as doenças.

Quando completara vinte anos terrestres que eu estava em Guinah, meu chefe do laboratório espacial, o astronauta e cientista Starctra, me chamou para uma conversa muito séria em sua sala. A princípio fiquei receosa, temia que ele me dissesse que eu deveria voltar para o planeta Terra.
– Ctratercapah (ele me chamou pelo meu novo nome que era esse, parece bizarro, mas significa estrela), não tenho notícias boas sobre seu planeta – ele me disse.

– Starctra, eu não quero saber de notícias sobre o meu planeta por melhor ou pior que elas sejam. Guinah é o meu planeta agora! Já até sei o que vai me dizer, vai me dizer que os litorais estão submersos e que as guerras e epidemias dominam meu planeta! Olha, quando eu saí de lá a situação já era essa – exclamei nervosa.

– Não! Não é isso que eu tenho pra lhe dizer. É algo muito mais sério que pode até levar a sua espécie a extinção.

– Mas do que você está falando? – perguntei sem compreender o que acontecia.

– Um fenômeno raro do universo e desconhecido para algumas civilizações de vida, inclusive pra sua, se aproxima do planeta Terra e se atingi-lo irá destruí-lo com chances de eliminar completamente a sua espécie – ele me explicou.

– E que fenômeno é esse? – perguntei aflita.

– É um aglomerado redondo, uma espécie de fluido de elementos químicos, vindos até de outros universos. O tamanho dele é a metade de seu planeta Terra. O impacto será devastador – alertou-me Starctra.

– E o que quer que eu faça? – questionei mais uma vez.

– Nós do departamento espacial queremos que você vá conosco ao planeta Terra para avisarmos seus governantes sobre essa grande ameaça e risco que ele está correndo. Agora a Terra se aproxima do ano 2050, se decolarmos hoje chegaremos ainda uns anos antes desse fenômeno atingir o planeta. Você avisará seus governantes e apresentaremos a solução para conter o fenômeno. Temos a fórmula de uma substância que se produzida em escala industrial e lançada sobre ao redor da órbita de seu planeta livrará a Terra do impacto. O pior de tudo é que lá seus conterrâneos não têm tecnologia nem mesmo para identificar a chegada dele – ele concluiu me olhando sério esperando minha resposta.

Respirei fundo, um filme da minha vida passou pela minha cabeça, e naquele instante tive que tomar 
a decisão mais difícil de toda a minha existência. Fui dominada por um sentimento de piedade e decidi embarcar naquela mesma hora de volta ao planeta Terra. Uma equipe de dez astronautas mais meu chefe e comandante me acompanharam nessa missão. Fomos em uma nave que possuía um dispositivo de invisibilidade. Com minha mente mais evoluída me preparei para enfrentar o que veria ao chegar ao meu mundo de origem. Uma lei em Guinah proibia os astronautas de se apresentarem perante os governantes do planeta Terra por motivos já mencionados. No entanto se os governantes não me ouvissem meu comandante se manifestaria, pois esse era um caso de extrema urgência.
Starctra me garantiu que eles me protegeriam e que só voltariam para Guinah comigo dentro da nave. 
A priori ter que voltar pra Terra teria sido a pior notícia da minha vida se minha mente não estivesse tão evoluída.E lá fomos nós salvar a civilização do massacre, estávamos a caminho de resgatar a raça que destrói a si própria. Cheguei a pensar que se tudo acabasse para os seres humanos seria muito melhor. Contudo, a piedade que havia em mim era muito maior do que qualquer outro sentimento naquele momento.

Depois de um certo tempo viajando na velocidade da luz, pegando atalhos em buracos de minhoca, finalmente chegamos ao planeta Terra, era aproximadamente o ano 2055 d.C. Ao sobrevoarmos o planeta meus olhos se chocaram com tudo que eu vi. Lembrei-me perfeitamente que muito tempo antes da minha partida os cientistas terráqueos alertavam sobre as trágicas consequências que as ações humanas insensatas e destrutivas trariam para o futuro. Lembrei também que ninguém se importou com isso. E o planeta Terra que eu vi, ao retornar décadas depois, foi o retrato fiel do caos e da destruição. Vi os litorais submersos pela invasão do mar causada pelo aquecimento do planeta devido à radioatividade gerada nas usinas e bombas nucleares, a atmosfera estava destruída pelo calor impiedoso da radiação. Estava tudo submerso, inclusive a cidade em que eu morava onde um dia fora uma praia. Vi os pobres, que antes viviam nos litorais, todos amontoados nos morros e montes mais altos. Perderam suas casas devido à invasão das águas do mar e a única solução foi se amontoarem em barracos de madeira e tijolo sobre os morros. Vi por cima das cidades submersas, construídos por sobre as águas , grandes e sofisticados prédios, a moradia dos ricos, uma grande Veneza!

Vi os carros e outros veículos se locomovendo sem rodas, eles flutuavam sobre as ruas e avenidas. Em algumas cidades vi ainda pessoas usando máscaras pra respirar devido às epidemias. Quase não vi árvores em lugar nenhum, não vi pássaros voando no céu como acontecia antes. Não vi nem mesmo urubus. Pensei comigo: Destruíram os animais! Também não vi praias, e isso porque elas quase já não existiam e as que existiam estavam cercadas e vigiadas por policiais. Percebi que se pagava para entrar em uma dessas praias que restaram.

Tão grande era a minha desilusão com a sociedade terráquea e com o próprio planeta Terra, que eu havia perdido até mesmo a vontade de rever minha família. Na verdade o que eu sentia mesmo era uma grande curiosidade de vê-los pra saber como eles ficaram depois de toda aquela transformação no planeta. Mas para isso, antes eu precisava localizá-los. Certamente eles estariam vivendo em um daqueles morros. Se meus pais estivessem vivos estariam com mais ou menos uns 94 anos e minhas irmãs com uns 60 anos de idade.

Os astronautas me ajudaram a localizá-los, na verdade eles já até sabiam onde eles e de fato meus pais viviam amontoados em um dos morros. Aterrissamos a nave em um terreno abandonado longe do litoral. Os astronautas permaneceram na nave e eu assumi meu papel de simples terráquea e saí da nave, peguei um transporte comum até o litoral. Era um tipo de ônibus voador coletivo.

Cada morro tinha um nome e um número, minha família estava morando no morro dezoito. Eu sabia que quando me vissem ainda tão jovem eles se assustariam. Por todos aqueles anos eu já estava declarada morta pelas autoridades. Ao andar pelas vielas daquele morro senti uma dor no coração. As condições eram precárias, vi as pessoas carecas por não poderem ter cabelos devido à escassez de água para lavá-los, e mesmo os mais jovens e as crianças tinham a pele ressecada e com rugas por causa dos raios solares e falta de condições. Alguns usavam perucas, mas outros não. Enfim, ali estava eu, diante da provável casa onde meus pais moravam, até então eu não sabia se encontraria meus irmãos ali também. Era mais um barraco de tijolos amontoados entre tantos outros barracos.
Antes, durante o trajeto cheguei a ver alguns conhecidos, é lógico que já idosos, mas os reconheci por seus traços e fisionomia, um vizinho meu que era criança agora um adulto de cinquenta e poucos anos chegou a perceber minha presença, mas não ousou a se aproximar, com certeza achou que eu fosse só uma garota parecida. Um fato interessante naquele morro era que todos que passavam por mim me olhavam com espanto pelo fato da minha pele não ser enrugada. E realmente naquele momento entre eles eu me senti um extraterrestre.

Respirei fundo em frente ao barraco, e fiz o que sempre se fez para se anunciar, bati palmas. Percebi que um senhor idoso se aproximava, ele era realmente muito velho e andava apoiado em uma bengala. Ele veio chegando e parecia me olhar com certa dificuldade, parecia quase cego. Ao vê-lo mais de perto percebi que ele era o meu pai. Confesso que me surpreendi em saber que ele sobrevivera a tudo aquilo de ruim que se tornara o planeta Terra.

Ao chegar bem perto de mim ele não disse nada, eu continuei calada. Até que ele se manifestou:
– Artemis, minha filha, é você? – ele perguntou com uma voz rouca e debilitada.

A fraqueza do meu pai não permitia que ele manifestasse grandes emoções. Foi um milagre ele não ter desmaiado.

– Sim, pai, sou eu, sua filha Artemis! – respondi sorrindo.

– Mas você ainda está tão jovem depois de tanto tempo. Sua aparência está exatamente igual ao dia em que desapareceu há mais de cinquenta anos – ele relembrou.

Entrei no barraco com meu pai e lhe contei tudo que acontecera. Minha pobre mãe já estava inválida e não andava mais, ela mal entendia o que estava acontecendo em sua volta e devido a problemas psiquiátricos ela estava mentalmente incapacitada, era uma espécie de mal de Alzeimer. Meus irmãos sim chegaram a desmaiar ao me ver assim tão nova. Foi muito difícil para eles entenderem tudo que havia acontecido comigo. Mas quem se assustou com tudo isso foi meu amigo Lucas. Ele já era um idoso, já era até avô. Ele e meus irmãos estavam morando em um morro vizinho. Ao me ver o Lucas até chorou, tocou em mim pra ver se era eu de verdade, pensou até que eu fosse uma clonagem. Ele me disse depois que lhe contei tudo:

– Artemis, seus pais quase enlouqueceram de desespero com o seu desaparecimento. Cheguei a dizer a eles que você tinha sido abduzida pelos alienígenas! E enfim você conseguiu isso. Artemis, o tempo não passou pra você!

– Sim, Lucas. E pelo que vejo pra vocês além do tempo ter passado causou-lhes sérios danos – ressaltei.

Lucas e minha família souberam de tudo. Inclusive o motivo da minha decisão de ir embora. Meus pais me pediram perdão e eu os perdoei. Até decidi levá-los comigo para Guinah. Todos aceitaram. Convidei também meu amigo Lucas, mas ele preferiu continuar vivendo na Terra com sua família. Mesmo depois de tudo cheguei à conclusão de que eu fiz a escolha certa. Ir embora e escapar das desgraças que inevitavelmente atingiram a Terra era uma oportunidade que eu não poderia perder. Em Guinah eu evoluí e me tornei uma grande cientista.

Enfim chegava a hora de me apresentar perante os governantes da Terra e contar-lhes tudo o que aconteceria em breve. Antes disso instalei minha família na espaçonave onde começaram a conhecer mais sobre Guinah, o planeta no qual logo viveriam. Seguimos para os Estados Unidos, onde eu me apresentaria às autoridades.

Com muita dificuldade me apresentei perante os representantes da ONU e da NASA. Para conseguir falar com os governantes e cientistas responsáveis tive que inventar que pedaços de um disco voador caíram no meu quintal junto com um corpo extraterrestre e que eu revelaria e mostraria tudo à imprensa. Eles me suplicaram silêncio e assim aceitaram falar comigo pessoalmente. Tivemos uma reunião e o que eles ouviram de mim foi muito mais grave. Contei-lhes tudo que aconteceu comigo e provei-lhes quem eu era com minhas digitais, provei que não havia morrido e que eu tinha mais de sessenta anos com uma aparência de dezenove.

– Escute aqui, menina, essa história é um absurdo! Onde estão os tais alienígenas? – me perguntaram.

– Eles não podem se manifestarem a vocês, é uma lei deles.

– Isso é um absurdo! Nossa tecnologia é muito avançada, com certeza nossos astrônomos identificarão qualquer cometa ou asteroide que estiver se aproximando da Terra.

– Mas não é um cometa, é um fenômeno desconhecido pra vocês. Precisam acreditar em mim, fabricar a substância neutralizante e fazer tudo que eu expliquei. Aqui está a fórmula, peguem! Fabriquem logo essa substância em escala industrial e enviem grandes naves as quais lancem a substância sobre o fenômeno e também ao redor da órbita do planeta e assim salvarão a Terra.  – insisti.

– Menina, você está louca! Isso é um golpe seu para se exibir perante o mundo e perante a imprensa. Já não basta os loucos que tiram a nossa paciência e nos fazem perder tempo com histórias de OVNIS!

– Mas provei a vocês que tenho mais de sessenta anos terrestres de idade, e vejam, não envelheci! – ressaltei mais uma vez.

– Você pode muito bem ser uma dessas meninas ricas que passou pelo tratamento que retarda o envelhecimento. Aqui na Terra já inventamos isso, saiba!

– Senhoras e senhores aqui presentes, olhem em volta e vejam o caos e terror que está esse mundo. Os litorais estão submersos porque o gelo dos polos derreteu por causa da radioatividade gerada nas usinas e de bombas nucleares, os pobres estão amontoados nos morros, a água potável é escassa, as epidemias dominaram a vida de todos. As crianças já têm rugas porque vocês destruíram a camada que nos protegia dos raios solares. E mesmo assim vocês só pensam em dinheiro. Isso sim é loucura. A bomba atômica foi uma loucura, loucura de monstros. Eu viajei anos-luz pra chegar até aqui e tentar salvar o que ainda resta desse mundo. Vocês gastam milhões de dólares em sondas espaciais, dinheiro esse que vem dos pobres. Não é possível que agora que finalmente vocês têm a chance de usar esse dinheiro pra fazer algo de útil a favor da humanidade se neguem a isso. Como pode vocês idolatrarem as máquinas e desprezarem a vida? Quando eu ainda vivia aqui e via as pessoas, tanto pobres quanto ricos, idolatrarem os computadores e celulares eu pensava comigo: "Quanta ilusão, amanhã virá a destruição e então tudo se acabará!". E foi exatamente isso que aconteceu – argumentei nervosa.

– Escute aqui, menina, se está tão insatisfeita com a vida aqui na Terra por que não volta para este tal planeta de que você fala? – me questionaram.

Eu fiquei furiosa, quanto mais eu falava mais eles me contradiziam.

– Não espera que acreditemos nessa história ridícula que está nos contando? – me esnobaram.
Não suportei tanta descrença por parte deles e encerrei com as palavras:

– Saibam que não conseguirão esconder das pessoas a vida extraterrestre para sempre. Essa verdade um dia se manifestará perante todos os seres humanos. Bem, aqui está a fórmula e todas as instruções para salvar o planeta Terra. Boa sorte e adeus! – conclui me levantando da cadeira.

Me levantei da cadeira e saí com muita raiva daquele lugar! Segui em direção à saída, mas fui perseguida pelos corredores por guardas que me prenderam. Todos ali me consideravam uma grande ameaça aos seus segredos. Até me acusaram de querer incitar o pânico mundial. Entretanto não fiquei presa por muito tempo, apenas por um dia, pedi ajuda aos meus amigos astronautas, pedi que eles viessem me resgatar.

E como eu fiz isso? Fiz com algo que aqueles que me prenderam jamais imaginariam, tenho um dispositivo instalado em meu cérebro que permite que eu me comunique com os astronautas perfeitamente através do pensamento. Meu próprio comandante veio me libertar. Com sua roupa invisível ele entrou no departamento e saímos de lá juntos totalmente invisíveis. Tentaram nos perseguir e nos identificar com raios infravermelhos, mas foi inútil.

O astronauta me carregou no colo e correu até uma grande janela no final do corredor, e do lado de fora a nave já nos esperava. Pulamos a janela e embarcamos na espaçonave rumo ao infinito, eu e minha família. Meus pais e irmãos passaram por um processo biológico de renovação genética de rejuvenescimento, e tiveram de volta a aparência e saúde de 20 anos de idade. 

Hoje vivo aqui em Guinah com meus pais e minhas irmãs. Aqui somos felizes de verdade. E quanto ao planeta Terra, soube que decidiram fabricar o neutralizante e salvá-lo, eles descobriram que Starctra estava certo.

Guinah absolutamente é o melhor planeta do universo, adeus!

JM JAMILA MAFRA

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Viagem no Espaço e a Máquina do Tempo


Prepare-se para iniciar uma fantástica viagem através do tempo e do espaço.Você vai conhecer a magia dos mistérios de galáxias, estrelas e outros universos. Você vai descobrir a vida em mais de 1000 planetas e mergulhar no incrível oceano da criatividade e fantasia da sua mente. E desse modo perceberá que todos temos uma poderosa máquina que nos transporta através das épocas. No livro Viagem No Espaço E A Máquina Do Tempo a imaginação, o passado e o futuro se encontram em um único momento : o agora.


Livro Viagem no Espaço e a Máquina do Tempo na Amazon Brasil
          https://www.amazon.com.br/Viagem-Espa%C3%A7o-M%C3%A1quina-Tempo-Jamila-ebook/dp/B018ZSLMVO/ref=sr_1_5?ie=UTF8&qid=1486673617&sr=8-5&keywords=jamila+mafra

JM JAMILA MAFRA

#livro   #viagemespacial   #poesia   #infantojuvenil  


Dor Invencível (uma poesia da autora Jamila Mafra)


Ter amado você
É uma lembrança inesquecível,
Não poder mais te amar
É uma dor invencível,

Você me segue com olhos
Com o pensamento,
E essa distância
Ainda não é suficiente
Para apagar toda a lembrança

Achei a roupa que eu usava
Quando você estava comigo,
Infelizmente o tempo passa
Voltar no tempo é impossível!

Ficar contigo era improvável,
E apesar de ser difícil
Aproveitamos os segundos
Pra não ficarmos tão sozinhos

Os motivos foram vários
Para não ficarmos juntos,
O tempo é mesmo ordinário
Passa e acaba com tudo.

Ter amado você
É uma lembrança inesquecível,
Não poder mais te amar
É uma dor invencível. 

JM JAMILA MAFRA

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Androide Brian, um conto de Ficção Científica do livro "Histórias do Amanhã, As Cidades Submersas"

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA.

ANDROIDE BRIAN FAZ PARTE DO LIVRO HISTÓRIAS DO AMANHÃ, AS CIDADES SUBMERSAS DA AUTORA JAMILA MAFRA
 
Em 1970 um grupo de cientistas americanos iniciou um projeto secreto de construção de cinco robôs androides. E isso com o objetivo de formar uma família artificial com esses robôs que tinham a perfeita aparência humana, não somente por fora, mas também por dentro, e assim inseri-los no convívio social. Possuíam todos os órgãos exercendo funções semelhantes aos originais. Cinquenta anos depois do início do projeto esses perfeitos androides estavam prontos, tinham artificialmente todos os sentimentos e demonstravam todas as emoções tais quais o fazem os seres humanos, junto com os quais viveriam. Eles viveriam em uma casa preparada especialmente pra eles habitarem tal qual uma família normal.
Estavam perfeitos, os cinco! Os dois androides com aparências mais maduras que representariam os pais, havia ainda dois androides adolescentes, um rapaz e uma moça, e por fim o androide mais novo, o caçula dos três filhos.
Tudo neles era muito igual aos seres humanos, com exceção apenas dos ossos que eram de aço.
Eles podiam até comer e tomar banho normalmente. Nesse caso com uma pequena diferença de que a comida ao cair em seus estômagos era totalmente queimada e reduzida a vapor aspirado por eles com uma grande seringa através do umbigo. Afinal, pra conviverem entre os mortais esses robôs precisavam pelo menos fingir que comiam. Para eles também foram preparados empregos, carros, documentos, escola para as crianças e todas essas coisas que a vida humana exige. Essa família passou a se chamar família Van Huffel.
Mas androides não envelhecem, sendo assim os cientistas pretendiam deixar essa família no máximo dois anos em uma mesma cidade. E permaneceriam assim, como máquinas nômades até que seus donos dessem por concluída sua experiência. É difícil explicar, mas esses robôs tinham consciência de que eram apenas máquinas e não seres humanos, seu cérebro positrônico era simplesmente perfeito.
A família Van Huffel era monitorada 24 horas por dia. Havia câmeras espalhadas por toda a sua casa. Seus passos eram todos conhecidos pelos seus cientistas inventores. Em seus próprios corpos artificiais havia dispositivos radares para sua localização. E ao contrário do que possa parecer, esse não era mais um reality show sensacionalista, isso era sim um grupo de cientistas manipulando a vida humana através da tecnologia. Seus criadores estavam prontos para qualquer resgate imediato em caso de algum incidente. Afinal o objetivo deles era claro, inserir e observar esses androides na sociedade e analisar sua convivência com os seres humanos e o comportamento desses seres biológicos diante do que não parece ser mecânico.
Oito horas da noite a família Van Huffel estava ao redor da mesa esperando que dona Lucy servisse o jantar; Edward o pai, Junior o caçula, Brian o rapaz e Mara a moça. Cada um já tinha o seu destino decidido. As crianças foram matriculadas na escola da cidade, Lucy como é de praxe, fora programada pra ser uma excelente dona de casa, o grande patriarca da casa, senhor Edward, era um grande executivo de uma empresa com filial na cidade vizinha.
– Espero que todos gostem do cardápio de hoje! Eu fiz macarronada italiana! Tenho certeza que todos aqui vão lamber os lábios! – Lucy disse enquanto colocava a bandeja de macarrão na mesa.
Todos olharam animados para a macarronada, até sentiam o gosto, imitação perfeita do paladar!
Depois do jantar Lucy e Edward sempre beijavam e abraçavam os filhos com um sorriso e um desejo de boa noite! 
Nesse caso a humanidade estava mais condicionada à atitude do que aos fatores biológicos.
Brian tinha uma grande vantagem na escola, devido ao seu incrível cérebro ele podia gravar todo o conteúdo dos livros. Assim era o aluno nota dez da sala, e isso em todas as matérias! Mas um mortal comum não é perfeito, mesmo os mais gênios têm os seus pequenos erros, questão de décimos. Assim, de vez em quando ele errava de propósito pra ninguém desconfiar, é óbvio. Mas também suas notas nunca eram abaixo de 9,5.
Ele era um rapaz muito enturmado com os colegas, sua genialidade não atrapalhava em nada seu relacionamento com todos ao seu redor. Em sua classe estudava Tayli, uma garota diferente das outras de sua idade. Ela vivia sempre sozinha aonde quer que fosse, era séria, afastada dos outros colegas. Na escola, quando não estava dentro da sala de aula, estava sentada no banco do pátio lendo um livro.
Apesar de já conviverem algum tempo, Brian mal percebia a presença de Tayli. Não era pra menos, um rapaz com tanta influência e popularidade na escola realmente não notaria a ignorada presença de uma moça que fazia questão de ser ignorada. No entanto, tudo tem a sua hora de mudar. Em mais um dia daqueles em que os corredores estão bem movimentados Tayli e Brian se esbarraram, fazendo com que os livros dela caíssem no chão.
– Oh! Desculpe, moça! Deixa que eu pego seus livros pra você! – Brian disse recolhendo os livros do chão em seguida.
Depois de ter seus livros de volta em mãos ela agradeceu com voz desanimada:
– Obrigada, Brian.
Ela seguiu seu caminho adiante e ele seguiu o dele. No dia seguinte na hora do recreio, depois de tanto tempo foi então que Brian percebeu que Tayli estivera sempre afastada, sozinha num canto. Por algo que talvez possamos chamar de instinto, ao vê-la ali sentada naquele banco lendo um livro, sentiu vontade de estar ao lado dela, e sem pensar duas vezes se aproximou e então se sentou ao lado de Tayli.
– Sempre sozinha nesse canto, Tayli! Por que não se junta a seus colegas? Venha comigo, vou enturmá-la! – convidou-a sorrindo.
– O que é isso, Brian? Durante meses você sempre passou por mim aqui nesse mesmo canto e nunca me disse nem mesmo um oi. Que interesse repentino é esse na minha solidão? Sou tão diferente de todos, não temos nada em comum, já houve até quem me dissesse que eu não era gente! Eu sempre fui assim e é assim que eu prefiro estar! Aproveito o tempo livre para aprender lendo os meus livros. Os outros acham que o que eu digo é loucura! – ela respondeu-lhe. 
– E o que você diz?
– Aí é que está o mais estranho! Eu quase não digo nada! Sabe, agora acho você mais estranho do que eu – salientou.
– E por que acha isso?
– Ora, Brian, você é a primeira pessoa que fala comigo por livre e espontânea vontade, e também o único a ser gentil comigo até agora. Se eu tivesse esbarrado em outra pessoa com certeza seria xingada. Então me conte, qual é o seu segredo para tirar nota dez em todas as provas? – questionou curiosa.
– Tayli, isso é muito simples, eu tenho um cérebro positrô...... – Brian interrompeu a frase percebendo a gafe.
– Você tem o quê? Eu ouvi você dizer que tem um cérebro positro alguma coisa!
– Oh, não, Tayli! Eu quis dizer que meu cérebro é como se fosse eletrônico. Eu sou um gênio, esqueceu? – gabou-se.
– Ah, sei! Seu QI é maior que o de Einstein! – reconheceu irônica.
Esse foi apenas o início de uma sólida amizade que se iniciou entre esses dois jovens cheios de expectativas pro futuro. Tayli continuou sentada no banco do pátio sempre lendo seu livro, com a diferença de que agora ela tinha uma companhia, Brian! Dos outros colegas ela não conseguiu se aproximar, mas dele sim, talvez porque os outros não a compreendessem tanto quanto ele a compreendia.
Um dos milagres dessa amizade foi o fato de que antes Tayli só saía de casa para ir à escola ou então ao museu e planetários. Dessa vez ela aceitou algo menos formal, ela saiu com Brian para o shopping center e depois foram até ao cinema. Obviamente ela continuava a preferir seus museus e passeios educativos, mas eles revezavam, afinal, quando se está com quem se gosta todo lugar é divertido.
Entretanto no meio dessa história toda algo muito preocupante estava acontecendo. Há muito tempo um grupo de cientistas rival investigava o projeto secreto sobre a construção dos androides, e armaram todas as estratégias para descobrir onde essas cópias artificiais de seres humanos seriam colocadas, e isso com o objetivo de capturá-las e constatar como essas perfeições mecânicas funcionavam e, claro, fazer muitas outras delas. Por fim acharam a cidade que talvez essa família de máquinas estivesse vivendo, tiveram que observar por muito tempo os habitantes da cidade até localizá-los, porém só teriam um problema: por serem tão parecidos com seres humanos como saberiam quem eram as máquinas e quem eram os pobres mortais? Concluíram que seria simples identificá-los, pois os robôs não tinham sentimento e com certeza deveriam ter um comportamento estranho e diferente dos demais a sua volta. Assim no andar de suas investigações, principalmente nas escolas, desconfiaram que Tayli seria um dos androides, por vários meses a investigavam na escola, seguiam-na, e suspeitavam que toda sua família fosse de metal. E tudo isso porque consideraram-na estranha e diferente dos demais a sua volta. Realmente a única a ter tais comportamentos.
Em uma dessas noites de céu estrelado, sentado na escada da varanda Brian conversou com seu pai. Sempre pronto pra ajudar os filhos no que precisassem o senhor Van Huffel não relutou nem mesmo por um minuto e prontamente se propôs ouvir seu filho naquele momento.
– Pai, sei que somos apenas máquinas, mas às vezes eu gostaria de ser humano. Eles se comovem tão facilmente com tudo. Gostaria de saber como é sentir emoções de verdade. Não queria ser apenas um robô! – Brian lamentou.
– Sabe, Brian, existem verdades que contrariam a nossa própria natureza de aceitação.
Onde eu trabalho, por exemplo, existem pessoas que não gostam de ser o que são. Estão sempre reclamando de tudo. Os subordinados querem se tornar chefes, e os chefes dizem que é uma carga exaustiva ser chefe. Meu filho, cada ser foi feito pra ser o que é. Nós somos máquinas e temos que aceitar essa condição e cumprir nosso propósito – consolou-lhe o pai.
– Mas por que somos obrigados a aceitar isso?
– Não escolhemos existir porque fomos fabricados. Somos apenas máquinas! Entenda isso, Brian!
– Sabe, pai, na escola percebi muitas coisas. E observando percebi que nós robôs somos controlados pelos programas eletrônicos de nosso cérebro positrônico, feito por nossos inventores, e os seres humanos são controlados por seus próprios conceitos de comportamento. Tem uma colega minha que tem um comportamento estranho aos olhos de todos os colegas e ela me disse que já houve quem dissera que ela não era gente!
– Sim, Brian, você tem razão. Nós robôs somos obrigados a ser assim porque fomos programados pra isso, mas os seres humanos têm o privilégio de mudar e tomar suas próprias decisões, e muitos, ainda assim, preferem não escolher ou simplesmente se conformam. Se tornam escravos da aceitação – Edward afirmou.
– Os seres humanos erram, e nós fazemos tudo certo de acordo com nossa programação. Ao menos não precisamos sofrer o pesar do arrependimento de não poder voltar atrás depois de uma atitude má – Brian conclui seu pensamento.
Um belo dia Brian convidou Tayli pra comer pizza num restaurante do shopping, lugar onde mais iam juntos, já estavam até dizendo que os dois estavam namorando, e ele cometeu mais um de seus deslizes. Desajeitado do jeito que era ao invés de cortar a fatia da pizza "cortou" o dedo, quero dizer, passou a faca afiada no dedo, Tayli ao perceber deu um grito:
– Brian, você cortou o dedo! Está tudo bem com você?
– Oh, meus céus! Cortei o dedo e nem percebi!
– Não percebeu? Está doendo? Que estranho, seu dedo não está sangrando! Nossa! Pelo jeito que você passou a faca no dedo parecia que era um corte profundo.
– Oh, não se preocupe! Não foi nada! A faca passou de leve, foi impressão sua – desconversou.
Naquela noite Tayli voltou desconfiada pra casa, até comentou o fato com sua mãe:
– Mãe, hoje aconteceu uma coisa tão estranha com o Brian. Estávamos na pizzaria do shopping, ele foi cortar a pizza mas acabou cortando o dedo, eu tenho certeza que eu vi a faca praticamente serrar o dedo dele, mas não aconteceu nada, o dedo ficou intacto, não sangrou nenhum pouco. Pra senhora ter uma ideia nem a marca da faca não ficou no dedo dele! Acho que ele realmente não é desse mundo!
– Tayli, minha filha, vai ver você pensou ter visto o que na verdade não viu! A faca não deve ter encostado no dedo dele. Acho melhor você ir pra cama dormir. Descansa essa cabeça, menina! – sua mãe esclareceu-lhe.
E não foi só esse episódio que deixou Tayli desconfiada, uma série de contradições ditas pelo próprio Brian a deixara confusa. Mas mesmo assim, fosse ele de outro mundo ou não, o que realmente importava pra ela era que com Brian ela descobrira o que significava ter um amigo verdadeiro.
Naquela linda manhã de primavera excepcionalmente dona Lucy levou as crianças de carro pra escola. Logo que chegaram, Brian avistou Tayli na entrada da escola a sua espera.
O sinal de entrada tocou, mas os dois adolescentes entusiasmados continuaram lá conversando no gramado da escola. De repente, sem mais nem menos, quando apenas os dois estavam ali, um carro preto parou diante deles, uns caras estranhos saíram do carro, um deles se aproximou de Tayli e abordou-a com as seguintes palavras:
– Garota androide, fique quieta e nos acompanhe no carro agora! Já sabemos que você é um robô!
– O quê? Que história é essa de robô? Eu não sei do que você está falando! Eu sou um ser humano, veja!
– Oh, sim! Você foi programada pra acreditar que é gente! – disse segurando-a pelo braço.
– Deixem-na em paz, eu sou o robô e não ela. Sou eu que vocês querem, levem-me! – Brian defendeu-a quase gritando.
– Que lindo, o namoradinho apaixonado defendendo a namorada máquina! Acorde, rapaz! A sua namorada não é nada do que você pensa. E não grite senão eu atiro, com licença!
Os homens estranhos pegaram Tayli pelo braço, colocaram-na no carro e levaram-na embora. Brian ficou um tanto quanto desesperado, pois sabia que agora sua própria família estava em perigo. Ele olhou ao redor, praticamente para todos os lados, não viu nada além do ônibus escolar parado com o motorista cochilando, havia deixado os alunos lá ainda pouco. Sem mais alternativas Brian expulsou aos empurrões o motorista de seu lugar, tomou o controle do ônibus e seguiu os sequestradores pela estrada.
Dentro do carro com os sequestradores a pobre moça quis saber:
– Poderiam pelo menos me dizer qual é o motivo do sequestro?
        É lógico que podemos. Um grupo de cientistas construiu uma família de androides, e então descobrimos que você e sua família são esses androides. Primeiro capturamos você e depois será sua família. Já estávamos de olho em você há muito tempo.
– E por que acham que eu sou um robô?
– Você era a mais diferente de todos! Agora cale a boca! Vamos seguir para o laboratório onde veremos do que você é feita.
– Essa não! Já estão me chamando de robô! – ela exclamou consigo mesma.
Brian seguiu em desespero aquele carro. A polícia perseguia o ônibus que ele dirigia pensando se tratar de roubo.
Os sequestradores levaram Tayli para o laboratório e colocaram-na em cima de uma mesa de cirurgia. Amarraram-na na cama enquanto ela gritava. Eles queriam abri-la, ver como ela funcionava por dentro. Brian invadiu o local do laboratório, com o ônibus ele atravessou as grades que cercavam o local, com seus punhos de aço encheu os guardas de soco e entrou.
Ao chegar lá flagrou o momento em que Tayli gritava:
– Eu não sou um robô! Eu não sou um robô!
– Parem! Não toquem nela! Eu sou o robô! Eu é que não tenho sentimentos, não tenho vontade própria. Fui programado pra ser o que sou e fazer o que meus donos querem que eu faça. Não tenho liberdade porque fui fabricado. Mas hoje pela primeira vez farei algo que não estava na programação. O androide sou eu. Vejam! – Brian declarou.
Diante de todos que ali viam a cena Brian desencapou vários fios que haviam no chão e segurou-os provocando um choque elétrico em si mesmo. Antes ele ainda gritou:
– Assistam agora a morte de um robô!
Foi realmente terrível! Ele se explodiu em mil pedaços! Sua cabeça foi para um lado, seus braços para o outro. Foi possível ver todos os fios e ligações eletrônicas que haviam dentro dele. Naquele momento todos ficaram estarrecidos. Imediatamente os sequestradores soltaram Tayli e fugiram do local, eles gritaram:
– Oh, céus! Ele era o robô! Vamos correr, a polícia está aí!
Porém quem mais sofreu ao ver essa cena foi Tayli. No começo ela não entendeu nada, mas ao ver seu único e melhor amigo explodir, virar fumaça diante dela, sua face empalideceu e ela entendeu que na verdade nunca tivera alguém ao seu lado. A pessoa que ela já amava não era uma pessoa, era máquina. Chorando Tayli se aproximou dos restos de seu amigo e de joelhos segurando a cabeça dele exclamou:
– Brian, meu amigo, o que aconteceu? Isso não pode ser verdade! Você era só um robô! Mas você parecia ser tão verdadeiro, a pessoa mais verdadeira que conheci na minha vida! Isso é pior do que a morte.
Foi difícil as pessoas acreditarem nessa história. Pra polícia então nem se fala. Mas Tayli teve que seguir em frente mesmo sabendo que aquele que ela amava talvez nunca tivesse existido. Ela escreveu em seu diário:
"Para os outros o Brian foi só um robô, mas pra mim ele foi o ser mais humano que eu já conheci. Ele me ensinou o que é a verdadeira amizade, a alegria e o amor. Ele me ensinou a ser feliz. E ele estará sempre vivo na minha lembrança e no meu coração!

JM JAMILA MAFRA


sábado, 4 de fevereiro de 2017

Romance Nova York Para Sempre, Um Amor Para Recomeçar!Lançamento 2017, Editora Ascension.



Editora Ascension
http://www.editoraascension.com/autores

Meu novo livro, um romance que será publicado pela editora Editora AscensionEm breve nas livrarias e Bienal Internacional do Rio 2017. Um abraço à todos os meus leitores e amigos!!!!
Queridos Leitores, curtam a página do livro no facebook:

https://www.facebook.com/novayorkparasempre/


       SINOPSE:
        A jovem Christine Müller tinha o grande sonho de ir embora para os Estados Unidos da América, e quando finalmente chega ao seu destino tão desejado, vive os mais incríveis momentos de alegria, dúvidas, dor e realizações.
        Em Nova York City ela começa a trabalhar como babá na casa da família Olsen, onde encontra pela primeira vez seu grande e raro amor Eric Preston, um empresário próspero e feliz que administra a empresa dos pais. No entanto, após enfrentar a maior perda e tristeza de sua vida, ele se torna um homem amargo e solitário, quase incapaz de reviver o amor.
        Christine conquista o coração de Eric que o tempo todo se mostra resistente, sempre fugindo de seus sentimentos, afinal amar não é algo tão simples assim, isso porque os obstáculos precisam ser vencidos e toda a dor deve ser superada.
        Em Nova York Para Sempre você descobrirá Um Amor Para Recomeçar.
        Embarque nesse romance apaixonante.
        EM BREVE...

Livro Um Amor e Um Amigo, da Autora Jamila Mafra! Primeira Edição Esgotada!


 Site da autora: http://jamilamafraescritora.blogspot.com/
  Página do Facebook do livro: https://www.facebook.com/milla.mafra.37
  Instagram; https://www.instagram.com/jamilamafraescritora/

Olá, queridos leitores! Esta edição do meu primeiro romance já está esgotada! Mas em breve haverá uma nova tiragem com cenas novas, capa nova e tudo novo!!!
Um abraço e obrigada!!!!


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

ENSAIO COMENTADO PELA ADVOGADA E ESCRITORA JAMILA MAFRA SOBRE A OBRA A DESOBEDIÊNCIA CIVIL, DO FILÓSOFO HENRY DAVID THOREAU


ENSAIO COMENTADO POR JAMILA MAFRA SOBRE A OBRA A DESOBEDIÊNCIA CIVIL, DO FILÓSOFO HENRY DAVID THOREAU 
 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ   

              A imposição do costume e da ausência de suficiência autonômica gera a necessidade da existência de um governo superior e hierárquico nas civilizações modernas, assim como nas antigas. Seja esse governo por eleição ou por herança monárquica, ou qualquer outro sistema de escolha, a construção de um Estado responsável por seus habitantes se torna inevitável para a satisfação geral.
             A incapacidade dos seres humanos de governarem a si mesmos através da inteligência e bom senso se torna evidente a partir deste momento em que as sociedades se apresentam cada vez mais em desordens de todo tipo, sobrecarregando o poder judiciário de processos que trazem a promessa de resolverem seus problemas e maus negócios, e também o poder público a quem procuram para resolver seus problemas de desemprego, falta de saúde, moradia, entre outros. Boa parte da culpa por tal incapacidade das populações é do próprio Estado que promete a sociedade em suas leis milhares de direitos e benefícios que quase nunca consegue cumprir mesmo arrecadando bilhões em dinheiro através da cobrança de impostos e tributos. A Anarquia propõe que cada um governe a si mesmo, não sendo necessário, portanto, que exista um sistema complexo de leis e governantes que controlem a sociedade.
         O ideal seria que o Estado interferisse o mínimo necessário na sociedade, mas o totalmente inverso é o ocorre, percebe-se que a interferência do Estado é cada vez mais forte em todos os âmbitos da vida civil e particular das pessoas. Tal situação gera inevitavelmente uma condição de servidão por parte da população que continuará dependente de governantes que lhes ditem as regras.
            Tal incapacidade de se autogovernar acarreta para a população uma perda parcial de sua liberdade, pois se torna totalmente submissa às vontades e ideias de um governo que nem sempre é justo, de um governo que dita suas leis financeiras como bem entende sem levar em consideração a realidade social. É por este motivo que surgem os governos ditadores e totalitaristas, à medida que a população recua e se submete os maiorais com ânsia de poder e status conseguem chegar aos mais altos cargos de governos e então assumem o controle das nações estabelecendo suas leis, regras e padrões absolutistas. Assim, os ciclos históricos das formas de governo se tornam um círculo vicioso, que oscila entre períodos de ditaduras cruéis e democracias falidas, como ocorreu no Brasil.    
                  Em uma democracia os legisladores são, ou pelo menos deveriam ser, representantes do povo, mas de um modo geral não representam ninguém, a não são ser seus próprios ideais, uma vez que o povo que o elegeu não toma nenhuma decisão conjunta como por exemplo uma lei é decidida ou aprovada.
                 Embora bem intencionada, a própria população que muitas vezes maldiz as injustiças cometidas pela má administração do Estado é a responsável por sustentar e manter o governo deste Estado como se encontra. As classes empresariais e comerciais brasileiras, por exemplo, que são umas das maiores vítimas da elevada carga tributária, são as classes que mantêm a injustiça e assistem de cabeça baixa a expansão da ditadura financeira que as submetem. A manifestação oral de indignação e descontentamento por uma injustiça não surte efeitos, a ação e atitudes eficazes daqueles que reconhecem o erro é necessária para que alguma mude ou melhore. A população injustiçada que é a maioria é fraca, e a minoria que são os legisladores e demais governantes corruptos e desinteressados pelos assuntos do povo são fortes. Se ao menos um habitante tivesse a coragem de fazer diferente, e agir de acordo com o que sabe ser justo, independentemente do que diz a lei, a própria lei seria modificada, assim disse Thoreau “Pois não importa quão limitado possa parecer o começo: Aquilo que é bem feito uma vez está feito para sempre!”
                 Se todas as pessoas se unissem em comum acordo para não fazer ou não cumprir determinada obrigação imposta pelo Estado, como por exemplo, neste mês mais da metade da população não pagar os impostos, como forma de protesto, os efeitos positivos surtidos seriam mais imediatos e eficazes, ou ainda, se como protesto contra a corrupção no Brasil ninguém comparecesse às urnas pra votar a revolta e indignação por causa das injustiças dariam suas trágicas conseqüências aos governantes que não se elegeriam por falta de votos.

              O dinheiro pode desvirtuar a mente humana conforme é adquirido, pois depois de consegui-lo o único propósito lógico que surge é o de saber como gastá-lo. O ideal quando se tem dinheiro é colocar em prática os planos que se tinha quando ainda se era pobre.
            Às pessoas ricas interessa basicamente manter a condição atual do Estado que a tornou rica, praticamente uma troca de favores útil para ambos, pois um precisa permanecer no poder, e o outro precisa manter seu padrão elevado de estilo de vida e suas riquezas. Neste caso dois Estados camuflados em um só se apresentam: o Estado dos privilegiados, e o Estado dos desfavorecidos.
            De certa maneira o confisco de bens por falta de pagamento dos impostos é injusto, pois tira o direito de enriquecer do ser humano, ao perder seus bens por deixar de ter pagado um imposto exigido pelo Estado que mal lhe dá segurança, o ser humano tem sua dignidade ferida, pois o “ocioso não comerá o pão e nem vestirá as vestes do trabalhador”, a população trabalha para sustentar um governo e governantes ociosos, que muito arrecadam e pouco fazem para retornar à sociedade o que ela lhe pagou obrigatoriamente. E fazem ainda parte desse governo ocioso não somente os legisladores e membros do poder executivo, mas também uma grande parte dos funcionários públicos que administram muito mal as máquinas públicas, além de também participarem dos atos de corrupção.
           Nenhum ser humano deveria ser sujeitado às duras penas da obrigação de pagar impostos sem um efetivo retorno social por parte do governo que o arrecada, ou ainda,  não seria necessário a existência de impostos se ao invés de sermos obrigados a pagar uma quantia em dinheiro ao Estado continuássemos com esse dinheiro para que nós mesmos pagássemos nossas despesas educacionais e sociais, assim o Estado não precisaria tomar sobre si a responsabilidade de educar e curar seus cidadãos, pois os mesmos fariam isso por si. Um Estado onde todos os serviços fossem particulares e privados seria muito mais prático e funcional do que aquele em que os serviços de saúde e educação são fornecidos pelo Estado que os mantém com o dinheiro arrecadado nos impostos e tributos. Aliás, os serviços públicos no Brasil são muito mal mantidos e mal gerenciados, acarretando em enormes gastos públicos por um serviço de baixa qualidade. Os impostos deveriam ser eliminados e os serviços públicos privatizados, assim cada cidadão seria livre para usar dinheiro e pagar pelos serviços que precisa. Os serviços prestados por instituições particulares são sempre de melhor qualidade que do que os serviços prestados pelo governo. Um único imposto já seria suficiente para manter as despesas básicas do governo quando todos os serviços públicos básicos fossem privatizados e todos os outros impostos extintos. Deste modo seria construída uma nova sociedade, uma nova civilização onde cada cidadão seria capaz de governar a si mesmo nas questões sociais mais básicas.
              Para um Estado ser realmente livre e democrático o governo deve priorizar o indivíduo como a fonte primordial de seu poder, e deve ainda tratar o indivíduo com toda dignidade que esse por ser fonte de poder do Estado merece ser tratado. No entanto atualmente, tanto no Brasil como em outros países, os cidadãos são tratados como subordinados do Estado, para o qual mendigam constantemente nas filas dos hospitais seu direito a remédios, a uma cirurgia, a um atendimento. Os cidadãos são um amontoado de subordinados do Estado que mendiga a este seu direito de frequentar uma escola, uma universidade, dentro de um aglomerado de sistemas burocráticos de comprovações e atestados de pobreza e carência.
                  Como pode ser justo os governantes brasileiros, ou de qualquer outro lugar, viverem em casas luxuosas, ganharem altos salários, terem várias regalias enquanto o povo que eles representam vive em condições precárias sobrecarregados de impostos a pagar, sendo massacrados pela ignorância e dependência deste Estado administrativamente pobre? Se os legisladores brasileiros e líderes do poder executivo são representantes do povo então que viva igual ao seu povo, nas mesmas condições de salário e moradia, ou então que o povo viva igual a eles que o representam. Um reino que volta contra si mesmo não pode subsistir, e é isso que ocorre na sociedade, o povo e seus governantes estão presos a jugos desiguais, uma nação assim não pode permanecer em paz até o fim de um século sem que um enorme terremoto de revoluções aconteça.

JM JAMILA MAFRA